Está demasiado calor para ver o mundo através de cortinas de veludo azul escuro. Atravesso o quarto, três passadas, pequeno é este meu poço, vulgo, mundo. A depressão desce como uma nuvem negra; porque voam os meus pensamentos em direcção ao tecto? Ventoinha, melhor amigo do homem, só queria que afastasses esta nuvem. Inútil, tudo o que fazes é espantar o calor.
Está demasiado escuro para ver o mundo de olhos abertos. A nuvem cerca-me e lá fora está o que está lá fora. O barulho da grande esfera, o som da agitação, para mim, só ironias. É um poço mais fundo do que o meu. Padres, calceteiros, putas e ardinas, querem todos o mesmo; o sangue que deles jorra é todo igual; rezam todos ao mesmo deus; apanham todos no mesmo buraco; cada um pior que o outro, sugam o combustível desta Babilónia, à qual vim parar por encomenda.
Engoli a nuvem, um pouco de Lithium, vomitei-a. Enganar os sentidos mordendo a ponta dos dedos, não fazer sentido, levantar-me e ir sempre parar no mesmo sítio.
Este mundo - de cortinas de veludo - não é para mim.
Está demasiado escuro para ver o mundo de olhos abertos. A nuvem cerca-me e lá fora está o que está lá fora. O barulho da grande esfera, o som da agitação, para mim, só ironias. É um poço mais fundo do que o meu. Padres, calceteiros, putas e ardinas, querem todos o mesmo; o sangue que deles jorra é todo igual; rezam todos ao mesmo deus; apanham todos no mesmo buraco; cada um pior que o outro, sugam o combustível desta Babilónia, à qual vim parar por encomenda.
Engoli a nuvem, um pouco de Lithium, vomitei-a. Enganar os sentidos mordendo a ponta dos dedos, não fazer sentido, levantar-me e ir sempre parar no mesmo sítio.
Este mundo - de cortinas de veludo - não é para mim.