sexta-feira, 25 de abril de 2008

sete minutos

Está demasiado calor para ver o mundo através de cortinas de veludo azul escuro. Atravesso o quarto, três passadas, pequeno é este meu poço, vulgo, mundo. A depressão desce como uma nuvem negra; porque voam os meus pensamentos em direcção ao tecto? Ventoinha, melhor amigo do homem, só queria que afastasses esta nuvem. Inútil, tudo o que fazes é espantar o calor.
Está demasiado escuro para ver o mundo de olhos abertos. A nuvem cerca-me e lá fora está o que está lá fora. O barulho da grande esfera, o som da agitação, para mim, só ironias. É um poço mais fundo do que o meu. Padres, calceteiros, putas e ardinas, querem todos o mesmo; o sangue que deles jorra é todo igual; rezam todos ao mesmo deus; apanham todos no mesmo buraco; cada um pior que o outro, sugam o combustível desta Babilónia, à qual vim parar por encomenda.
Engoli a nuvem, um pouco de Lithium, vomitei-a. Enganar os sentidos mordendo a ponta dos dedos, não fazer sentido, levantar-me e ir sempre parar no mesmo sítio.
Este mundo - de cortinas de veludo - não é para mim.


terça-feira, 1 de abril de 2008

Sentença de Vida


Chovem papéis
Em cada um deles uma mensagem
Fria e verdadeira.
Estou rodeada de verdade que nego constantemente.
Verdade que me assombra.

Chovem papéis e a multidão rodeia-me
Todos me olham
Todos têm no olhar uma sentença que não entendo
Uma sentença sem justificação
Que sei que me conduzirá ao meu derradeiro final.

Chovem papéis e a multidão rodeia-me e fico deitada no chão
Estão tão perto de mim que consigo cheirá-los
O cheiro das suas vidas banais
Ainda assim, verdade pesa-me mais do que a acusação que trazem no olhar
O fim está perto.

Chovem papéis e a multidão rodeia-me e fico deitada no chão e fecho os olhos
Fecho os olhos para me olhar no espelho
Nego a verdade, olho-me e não sou eu
Falo, mas não é a minha voz que uso,
Espero a minha sentença
A bala da verdade trespassa-me.

sábado, 8 de março de 2008

I want


Eu quero abraçar, sentir, queimar, matar, beijar, correr, andar, sorrir, cantar, ser, respirar, saltar, ferir, conseguir, tirar, pôr, dar, colar, arrancar, ver, receber, puxar, morder, agarrar, tocar, procurar, achar, abraçar, ter. E nunca mais ansiar. Para nunca mais querer.

sábado, 1 de março de 2008

Fake plastic trees





















Grey clones turning to dust
A product of the system
A product of lust.
All walking into the same dirty end
Wasting all the same weak dreams.
Just another future I can't stand.
Ripping photographs just like they were glass
Forgetting memories way too fast
Losing my sight, as the wind rolls my eyes...
All the tries... we're not enough...
All what's left is passed grey skies.
Ans as I watch the time passing by,
the clock ticks my sanity away...
Nothimg more to do, nothing more to say.
One more ripped photogaphy
Another raped memory.
in my head, fears. Just like tears
in my veins.

Time-Murderer

cheguei a este ponto. numa espiral tão incerta, tão longe de certezas que sempre fizeram parte da minha ambição. aos poucos perde-se a noção. perde-se a noção de tudo, perde-se a noção de muita coisa. tudo deixa de parecer tão vazio; vazio, não. frio, frio. tudo deixa de parecer tão frio, tão longe de nós, se bem que à nossa volta. a asfixiar. são como chagas. chagas invisíveis.
doem tanto que chegam a não doer.
doem tanto que o ponto máximo é de dormência pura, um estado de letargia que quase me faz sorrir. estou leve. estou leve, nada sinto, nada do que me fazia chorar, nada do que me pudesse deixar fora de mim, nada do pudesse acordar a minha faceta mais controladora, mais obcecada, mais... pobre. e todo este tempo a flutuar fez-me ganhar certezas. do que nunca serei. mas essas não as quero. não preciso delas. não preciso que em digam o que nunca vou ser. suspeitava do que nunca seria, mas nunca pedi certezas. muito menos pedi que me dissessem o contrário, o que serei. o que sempre pedi, foi que me dissessem o que sou. o que sou, o que sou, o que sou, o que sou. tenho cada vez mais medo de vir a ganhar certezas de que a resposta seja um grande, gordo, NADA.
cada vez mais medo, cada vez mais medo. isto é, teria. se já não estivesse alcançado este estado de dormência. Em que já nada importa. Nem mesmo ter certezas.

só pedi um pouco mais de tempo; um pouco mais de vida em mim.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A dor de quem vive sem saber onde dói

Por mais que eu grite,
morda, arranhe ou sangre...
por mais que eu espere que o meu silêncio valha alguma coisa.
Por mais que eu espere que o tempo pare
por mais que eu me tente entender
Nunca serei capaz de perceber porque chove
Só em mim.
Nem porque pisam as gotas do meu sangue,
Nem sequer porque me calam os gritos,
me calam o silêncio.
nunca poderei esperar uma utopia,
ou um sorriso desajeitado mas sicnero.
nunca serei capaz de perceber,Porque dias são anos
E, porque depois de tantos anos, chove ainda.
por mais que eu corra,
Nunca chegarei ao fim.
Porque continuo a tentar perceber?,
A esperar?
A falar, a calar, a sangrar, a arranhar, a morder?
Porque continuo a correr?
Nao para chegar a um fim,
Mas para chegar ao meu fim.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Still life

ordinary people just cant see
the worms filling up the walls,
new born, celebrating life.
While they robotically remain in the living room.

feeling, understanding
some kind of life, through some kind of box
what's out there to know?
Life's growing, energy
jut in here, inside.
filling up the walls
through their locked up brains.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Wind



The poisoned lips, the raped time
the pain...the silence...
suddenly, a confused mind
calls for help
begs for salvation.

It's like falling rain in my eyes
so pure...so soft...
In each tear a message
that dies on the ground
losing itself forever.

It never stops raining, drives me insane
brings up so many memories
so many smells
so many smiles...
the brightest of all my dreams.

Deep in your eyes there's a shadow.
like the weight of knowing me
I never wanted that
I'd give everything, to see some light in you eyes,
to see some light.


(you're the end...
...and the begginning.
Outer space, inner space.
Flesh and bone
of all my being)