terça-feira, 1 de abril de 2008

Sentença de Vida


Chovem papéis
Em cada um deles uma mensagem
Fria e verdadeira.
Estou rodeada de verdade que nego constantemente.
Verdade que me assombra.

Chovem papéis e a multidão rodeia-me
Todos me olham
Todos têm no olhar uma sentença que não entendo
Uma sentença sem justificação
Que sei que me conduzirá ao meu derradeiro final.

Chovem papéis e a multidão rodeia-me e fico deitada no chão
Estão tão perto de mim que consigo cheirá-los
O cheiro das suas vidas banais
Ainda assim, verdade pesa-me mais do que a acusação que trazem no olhar
O fim está perto.

Chovem papéis e a multidão rodeia-me e fico deitada no chão e fecho os olhos
Fecho os olhos para me olhar no espelho
Nego a verdade, olho-me e não sou eu
Falo, mas não é a minha voz que uso,
Espero a minha sentença
A bala da verdade trespassa-me.

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